A falta de conscientização e a visão de que o cachorro é um objeto, são uns dos principais fatores do abandono.
A superpopulação de cães abandonados nas ruas é um problema crítico que afeta todas as regiões do Brasil. Segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde), há 20 milhões de cães abandonados no país.
Muitos desses animais nasceram e cresceram na rua, mas outros, estão lá após serem abandonados pelos tutores. O risco de vida que os cachorros correm é enorme. Eles não recebem atendimento veterinário, contraem sérias doenças como a leishmaniose e a raiva, não se alimentam e não possuem um local seguro para se abrigar.
A grande maioria é invisível, não recebe carinho e infelizmente, são maltratados por agressores. Apesar do trabalho constante de ONGs e ativistas para diminuir o número – crescente e alarmante – mais tutores continuam abandonando e mais cães não castrados continuam procriando nas ruas.
Existe um culpado por tantos animais estarem em um estado de vulnerabilidade?
Enquanto o número de cães abandonados nas ruas continua crescendo, alguns fatores contribuem para desencadear esse problema. Conversamos com o ativista animal, Alex Chernehaque, sobre os motivos que favorecem para que, cada vez mais, os cães vivam nas ruas.
“As pessoas não têm responsabilidade com a vida desses animais. Elas acreditam que eles são objetos, mas na verdade, eles são seres com sentimentos.
Mas no dia a dia, eles fogem do padrão de critério. As pessoas acham que eles são apenas fofinhos. Porém, eles fazem arte e aprontam, principalmente, dependendo da raça e do gênio daquele animal. Assim, as pessoas acabam abandonando”, explicou.
Alex acredita que o poder governamental não dá estrutura para cuidar dos animais e que é preciso uma política que contenha planejamento, controle de vacinação e conscientização. “Temos a política de castração, para ter controle populacional e a adoção, mas é o ser humano que precisa ter consciência da responsabilidade antes de adotar. O cachorro não é um objeto sem sentimentos, que não late, não morde os calçados ou o sofá.
Então, as pessoas devem entender que os cachorros não são plantas, onde só é preciso colocar no canto da casa, regar ou tomar um pouco de sol. Eles precisam de boa alimentação, cuidado, atenção. Isso é fundamental na questão da conscientização”, alertou.
“Como ativista, eu sempre falo: quando a pessoa decide ter um animal sob a sua responsabilidade, é por toda a vida, independentemente do que aconteça. É responsabilidade dela pensar antes”, concluiu Alex.
Quem abandona?
O abandono é praticado, geralmente, pelo tutor que não teve suas expectativas atendidas pelo animal. Muitos tem a ideia de que o cachorro não dá trabalho, só precisa encher o pote de ração e jogar a bolinha para ele brincar de vez em quando. Contudo, é o oposto disso. Eles demandam muitas obrigações, tempo e gastos
Segundo um estudo apresentado na revista veterinária, Journal of Applied Animal Welfare Science, a maior motivação dos tutores para abandonar seus cães são causados pelo mau comportamento:
- 20,7% Destrutivo dentro de casa
- 12,1% Agressivo com as pessoas
- 11,4% Ativo demais
- 10,7% Late ou uiva muito
- 9,7 % Morde
- 9,0% Desobediente
Outro problema está no órgão público de muitas cidades que não investem na castração em massa. Essa seria uma das principais formas de controlar o número de animais abandonados, evitando que novos totós nasçam nas ruas e reduzindo o número de zoonoses.
Contudo, a causa raiz está na falta de conscientização. As pessoas adotam por impulso e não buscam saber mais sobre o cachorro que está levando para casa. O prejudicado sempre é o animal, que fica sem casa e à margem da sociedade.
Para erradicar esse problema é preciso ter conhecimento sobre as necessidades do cão. Não só a melhor forma de proporcionar bem-estar, mas também entender o que ele precisa – seus instintos, hábitos, comportamentos – para ter uma boa convivência em casa.
Quer impedir que mais cães sejam abandonados?
Em nosso site e redes sociais, disponibilizamos materiais e conteúdos que possam ajudar diariamente a todos que estão dispostos a encontrar uma resolução para o problema que estão enfrentando com o pet.
Nosso Quizz (na home), direciona se o dono ou futuro tutor, está apto ou não para ter um cachorro. Além disso, as matérias possuem dicas e opiniões de especialistas, que auxiliam a contornar as questões que estão dificultando a boa convivência.
O abandono é crime e configura como maus-tratos. Segundo a Lei Federal nº 14.064/20, a pena de detenção é de até cinco anos para crimes de maus-tratos.
