Os cães que já sofreram traumas precisam de muita ajuda antes e depois de chegarem em seu novo lar
O cachorro que já sofreu maus-tratos ou abandono, e passou por medo, estresse, ansiedade e outros sentimentos ruins, tem dificuldade em confiar novamente em um humano.
Contudo, maltratar um totó não se caracteriza apenas como violência física. O termo envolve outras situações extremas, como:
- Abandonar o animal;
- Manter o cão em um local anti-higiênico ou extremamente pequeno;
- Deixar o cão exposto ao sol por um longo período ou sem iluminação;
- Não providenciar assistência veterinária em casos de acidentes ou de doença;
- Não fornecer alimento e água para o animal.
Essas são algumas das situações consideradas como maus-tratos.
Antes de tudo, quem adota ou resgata um pet nessas condições, deve estar ciente e preparado para um longo percurso pela frente.
Esses totós necessitam de mais cuidado, atenção, cautela e dedicação, ou seja, um passo de cada vez.
Eles costumam assustar mais fácil em situações comuns. Por isso, é importante o trabalho auxiliar de um adestrador para introduzir uma nova rotina na vida do pet.
História real
A publicitária Penelope Pereda Bernardi, conversou com o Totós da Teté sobre a adoção do Quindim, um vira-lata caramelo super fofo, que sofreu maus-tratos. Ela o ajudou muito na fase de adaptação.
“A parte mais difícil de adotar um cão que sofreu maus-tratos é exatamente o fato de que ninguém fala o quanto isso é difícil.
O Quindim tem cicatrizes e dentes quebrados por ter apanhado na rua, não abana o rabo, não consegue olhar nos olhos e tem medo de tudo.
Se a gente pensar sobre o passado dele, é compreensível demais ele ter tantos traumas, mas ainda assim é uma adaptação que vai muito além do tapetinho higiênico e dos brinquedinhos espalhados pela casa. Muitas vezes é frustrante e desgastante.
Eu dei muita sorte com ele no começo, porque como ele é um cão medroso, o instinto dele perto de pessoas desconhecidas é tenso e agressivo, mas comigo ele nunca teve problemas. Chegou na minha casa, cheirou tudo e veio me pedir carinho. Parecia que ele sabia que eu ia cuidar dele”.
Fase de adaptação do pet
“Desde então eu sou a única pessoa que pode tocar ou interagir com ele sem quase levar uma mordida. Banho, vacina, consulta veterinária: tudo de focinheira.
Quando estamos só nós dois, ele ainda treme de medo sem motivo aparente e tem muita dificuldade até de brincar com os brinquedinhos sozinho. Eu sempre tenho que estar por perto incentivando e interagindo. É uma relação de dependência muito grande, até por ele ter tanto medo do abandono.
O Quindim está se adaptando à rotina e ao espaço no tempo dele. Eu cometi erros no começo por estar acostumada com cachorros menos sensíveis, mas ninguém ensina a gente a fazer isso, né?”
Ajuda de um adestrador
“Agora, estamos com uma adestradora incrível e provavelmente ele vai começar com tratamentos para a ansiedade e tensão. Tem dias que são melhores do que outros, tanto para ele quanto para mim, mas eu sempre tento lembrar que eu preciso ser a pessoa que vai insistir nele, porque ele merece uma chance e, mesmo com todos os problemas, eu já o acho o cachorro mais lindo e incrível do mundo”.
O abandono não é a solução
“Foque nas pequenas coisas boas que o seu cãozinho já tem e imagine que, com muito amor e carinho, ele só vai ganhar mais qualidades. Eles só têm o que a gente oferece e cada comportamento negativo que ele tiver é por alguma experiência ruim que já teve, nunca por birra ou maldade. Lembre-se que você está fazendo mais por ele do que muita gente faria e que ele merece que alguém insista nele”.
Denuncie em caso de maus-tratos ou abandono
Ao ver que o cachorro está passando por sinais de precariedade, temos o dever de denunciar. Há algumas opções, como: direto na Delegacia mais próxima, no Ministério Público ou na Secretária do Meio-Ambiente.
Tire fotos, grave vídeos, junte as provas e apresente para que uma vida possa ser salva.