Criar expectativas irreais no cão pode gerar frustração e impactar a convivência em casa.
Já parou para pensar que a humanização excessiva com o cão pode ser ruim? Primeiramente, é importante lembrar que os cães têm seus próprios comportamentos naturais.
Isso significa que as necessidades deles não são as mesmas de um humano, e ao tratá-lo como um, o tutor automaticamente priva o cão de agir como um animal.
Esse cenário pode desenvolver futuros problemas comportamentais, como ansiedade, estresse e agressividade.
Isso não significa que o tutor está proibido de mimá-lo ou tratá-lo com carinho, pelo contrário. Mas introduzir a rotina de um humano na vida do cão pode interferir negativamente.
Não permitir que o cão passeie na rua para não sujar as patinhas, por exemplo, impede que ele se exercite, socialize com outros animais e também o deixe ocioso dentro de casa.
Uma pessoa sedentária, que não gosta de sair de casa, pode escolher uma raça menos agitada, mas não pode impor que o animal tenha a mesma rotina.
Posteriormente, a humanização excessiva pode afetar a relação do tutor com o cão
Segundo a veterinária Priscila Waib, antes de tudo, é importante refletir o que é a humanização.
“Esse é um termo que nós usamos quando existe uma relação entre o pet e tutor, no qual ele começa a tratar o animal como um humano, buscando ‘suprir algumas necessidades’. Hoje em dia, o pessoal se refere aos cães como filhos”.
Priscila explicou que isso pode desequilibrar a relação. “O animal precisa de um lugar seguro, ter comida e todas as suas necessidades básicas supridas. Tudo o que passa disso, é um desequilíbrio”.
De acordo com ela, muitas pessoas passaram a acreditar que os cães precisam de um carrinho para passear, como se fossem um bebê.
Mas um cão sem comorbidade não tem necessidade de ficar dentro de um carrinho, ele precisa andar, correr e praticar atividades físicas.
Quais são as expectativas irreais e de humanização excessiva que os tutores podem ter em relação ao comportamento dos pets?
Priscila pontuou que são muitas expectativas inconscientes que os tutores utilizam no animal como forma de suprir alguma dependência emocional.
Muitas vezes, o tutor obriga o cão a sair da rotina dele quando está dormindo ou brincando, e o coloca sentado no sofá em frente a TV.
“Quanto mais humanizado, menos eles conseguem expressar sua própria essência. Então, ficam mais apático em casa, não conseguem obedecer o tutor, começam a adoecer e ter desequilíbrio comportamental, como lambedura e latidos em excesso”.
Não cause desconforto!
Algumas atitudes podem evitar que o totó desenvolva ansiedade e estresse:
- Deixar o cão brincar, correr, interagir com outros animais, cavar, se sujar;
- não colocar roupas que limitem a mobilidade do cão, principalmente se for por motivos estéticos, pois pode causar incômodo;
- introduzir enriquecimento ambiental em casa. Não estimular a ociosidade, mas sim atividades físicas e cognitivas.
O tutor que humaniza em excesso o próprio pet é bem-intencionado, mas indiretamente desencadeia comportamentos ruins no animal.
E infelizmente, o mau comportamento é um dos principais motivos do abandono, que nesse caso, é desencadeado pelo manejo errado do tutor – que proporciona uma rotina negligente ao pet, incluindo falta de socialização e ambiente inadequado.
Esse comportamento respondente do animal é uma forma de ele expressar sua ansiedade e estresse. O comportamento dos cães está diretamente relacionado ao ambiente e a forma como vivem!
Por isso, antes de adotar ou comprar um totó, é muito importante entender como cuidar corretamente, sempre com amor e carinho, mas sem privá-lo de se comportar como um animal.
Foto capa: ulkas / iStock
