A doença é zoonose e sem cura, com tratamento para o resto da vida. Por esse motivo, muitos cães são abandonados.
A campanha “Agosto verde” é um alerta importante sobre a leishmaniose canina, doença que coloca em risco a vida de muitos cães.
Segundo o “Manual de Vigilância da Leishmaniose”, a Organização Mundial da Saúde (OMS) a considera como uma das seis mais importantes doenças infecciosas.
Por não ter cura, muitos tutores preferem abandonar seus pets do que se dedicar ao tratamento para o resto da vida, além de custear os gastos médicos.
Em entrevista ao Totós da Teté, o médico veterinário Christian Landgraf, explicou sobre os sintomas da doença e a forma de contaminação.
“Os sintomas são vastos e variam de acordo com a reação imunitária de cada cachorro. A doença pode incubar de três meses a sete anos após a inoculação.”, explicou.
“Temos a leishmaniose cutânea e a visceral. A cutânea normalmente aparece primeiro, com caspas grossas, descamação sem prurido, dermatite seca ou seborreica.
Pode haver outros sintomas, como: feridas que levam a queda da ponta das orelhas e do nariz; nódulos nas orelhas, cotovelos e pescoço; queda de pelo ao redor dos olhos que chamamos vulgarmente de “óculos”. As feridas dificilmente cicatrizam pois pode haver parasitas presentes nela.” falou.
E os sintomas da leishmaniose visceral?
O veterinário explicou que ao avançar para a leishmaniose visceral, os primeiros sintomas são: falta de apetite, letargia, apatia, perda de peso progressiva, vômito e intolerância a exercícios.
“Posteriormente, progride para edemas nos membros, tosse, espirros, diarreia, hemorragias nasais, melena (diarreia com sangue), conjuntivite purulenta, queratite na córnea levando à cegueira, meningites, encefalites, paralisias do terço posterior que pode se estender cranialmente até o pescoço.
Na fase final, também há insuficiência renal e hepática. A doença torna-se muito dolorosa e não responde à medicação.”, disse.
Por ser uma doença zoonose (transmissível aos seres humanos) com risco de contaminação, muitos animais antigamente eram sacrificados. Mas agora, mesmo sem cura, há tratamentos com resultados positivos.
“O tratamento tem duas fases: na primeira, durante um mês, com um medicamento que retira o parasita do sangue circulante do animal. Ao fazer essa limpeza, o animal deixa de transmitir a doença e passa a ser um animal infectado, mas não infectante”, informou o veterinário.
“A doença não tem cura, então o animal permanece com cistos em alguns órgãos como baço, fígado, medula óssea e linfonodos. Posteriormente, passamos para a fase de manutenção, onde o animal é medicado diariamente para o resto da vida, para que a doença não volte à forma infectante”.
Christian explicou que periodicamente o animal deve fazer exames, pois a doença pode ser recidivante e o cão pode precisar voltar à primeira forma de tratamento.
Atenção tutor: saiba as formas de contaminação
Fique atento às principais áreas de contaminação. Segundo o veterinário, há lugares mais propensos.
“Os locais perto de águas são os mais preocupantes, pois a forma de infecção é através da picada de um mosquito chamado flebótomo, ou vulgarmente chamado de mosquito palha, que vive em água parada”, falou.
“Portanto, os lagos, rios, riachos, represas e praias são os lugares preferenciais para o mosquito. Se falamos de áreas do corpo, o mosquito prefere regiões com pouco pelo, de mais fácil acesso, portanto barriga, parte interna das orelhas e nariz são onde o mosquito pica com mais facilidade”, explicou.
Mas afinal, como os totós podem contrair a doença? “A forma principal de transmissão é através da inoculação da forma infectante do parasita através da picada do mosquito. Ou, seja, um mosquito infectado picar o cachorro.”, explicou.
O veterinário também informou que existem outras formas menos comuns da leishmaniose canina:
- a mãe pode transmitir para os filhotes ainda no período de gestação através da placenta;
- na forma venérea, o macho transmitir no ato sexual através do esperma, podendo contaminar a mãe e a futura ninhada;
- através de uma transfusão de sangue contaminada;
- já via cutânea, através do contato direto com feridas abertas com a presença do parasita.
A vacina é o método mais eficaz de prevenção
A primeira vacina é aplicada com três doses: uma dose e dois reforços separados, a cada vinte um dias. A partir do primeiro ano o reforço é com uma dose anual.
“Existem outras tentativas para prevenir o contágio através de medicamentos antiparasitários, como coleiras e líquidos que repelem o mosquito, mas não tem 100% de eficácia”, concluiu Christian Landgraf.
Se o cachorro estiver em tratamento, é necessário usar a coleira direto para repelir o mosquito, senão pode ser reinfectado.
Caso haja surtos de leishmaniose canina na cidade, é preciso falar com o médico veterinário e ficar atento aos sintomas.
Foto capa: beavera