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Capa blog 21 de agosto
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Tempo de leitura: 5 minutos

A paralisia de patas não impede os cães de terem uma vida feliz

Muitos cães podem viver vidas felizes e saudáveis, mesmo com paralisia. Por conta da falta de informação adequada e pela irresponsabilidade de quem devia garantir o bem-estar do animal, os cachorros com deficiências físicas estão entre aqueles com alta probabilidade de serem abandonados.

Antigamente, qualquer lesão ou problema de saúde que deixasse um cachorro incapaz de andar significava eutanásia. Essa é uma ideia que precisa ser combatida, caso ainda perdure por aí. Eles podem viver bem, sim, claro que mediante alguns cuidados por sua condição especial. Um exemplo disso é a dachshund Mel, da tutora Lenissa Ramalho, que viveu 15 anos, uma dezena deles paraplégica. 

Raças como o dachshund são propensas a problemas de coluna que podem levar à paraplegia. Essas raças são geralmente condrodistróficas, o que significa que têm nanismo congênito. Os cães têm corpos longos e seus ossos longos são mais curvos do que retos. Os discos vertebrais também são muito mais frágeis e têm tendência à hérnia. Foi o que aconteceu com a Mel.

“Um dia, ela saltou para descer da minha cama e já gritou e se urinou. Era domingo, levamos pra emergência. Mas foi questão de horas para ela perder os movimentos das patas traseiras. Ela tinha 5 anos”, conta a tutora Lenissa, natural de Porto Alegre, no Rio Grande do Sul.

Muitos dachshunds afetado por hérnias, como a Mel, acusam o problema com entre quatro e sete anos. A paralisia pode ocorrer repentinamente. Logo abaixo, confira outros tipos de causa para paralisia, sinais de alerta e cuidados importantes.

A pequena Mel tinha indicação de cirurgia, porém num prazo de 48h. Em 24h, ela piorou e então a intervenção foi descartada, porque as chances de ela voltar a andar reduziram demais. Além disso, ainda corria risco de óbito durante o procedimento. Quando o pior passou e Mel pode ir para casa, começava uma nova vida para ela e para a sua tutora.

“Era preciso manipular a Mel para ela urinar e defecar, então, a gente fazia isso três, quatro vezes ao dia. Todos os dias e para sempre. Passei a cuidar os pisos em que ela podia se arrastar ou não. Também iniciamos fisioterapia, acupuntura e providenciamos uma cadeirinha. Eu fiquei mais atenta aos sinais dela, como quando queria água e estava deitada no sofá”, relembra Lenissa.

São três os tipos de paralisia canina: tetraplegia, quando perde o movimento das 4 patas, paraplegia, incapacidade de mover as pernas traseiras, e paresia, uma paralisia parcial em que o animal consegue se mover, mas com certa dificuldade.

Mas o pior tipo de paralisia acomete os humanos quando desistem de casos assim ou colaboram para vitimizar os cães.

Quem aborda o assunto com propriedade é a Karine Klaine, que ajuda a administrar um lar temporário para cães resgatados chamado DOG da VEZ (@dogdavez), na capital gaúcha, e precisou de muita perseverança quando se viu às voltas com o primeiro cão paraplégico do projeto, o Ovelha.

Ela ressalta: “Ao verem um cão em cadeira de rodas passeando, brincando, faceiro, como o Ovelha sempre é, evitem comentários como “tadinho”, porque de coitado ele não tem é nada! A única coisa que o difere de qualquer outro cão é o fato de ter rodinhas, mas isso não faz dele menos capaz”.

E também faz um pedido aos médicos veterinários: “Se preparem para atender casos como esse munidos de informações. O Ovelha teve alta da clínica que o atendeu depois do acidente e ninguém nos falou absolutamente nada sobre os cuidados. Também não sabíamos o que perguntar porque não se tem dúvidas sobre o que não se considera. Os problemas foram surgindo na rotina e levamos um tempo muito maior do que o necessário para chegar ao equilíbrio. A maioria das pessoas talvez desista nesse período por falta de apoio profissional”.

Indagada sobre essa questão durante sua experiência com a Mel, a tutora Lenissa avalia que foi bem atendida pela veterinária. “Só o que me chamou a atenção é que a veterinária pareceu focar mais na possibilidade de eutanásia do que me encorajar dizendo que a Mel teria uma vida boa, desde que com os cuidados necessários. Mas em hipótese alguma eu considerei a eutanásia naquela momento”, afirma.

A eutanásia acabou sendo o destino de Mel, mas somente 10 anos depois. E não por causa da paralisia. Mel sofria de epilepsia e os últimos ataques, até por conta da idade dela (15 anos), tinham deixado sequelas muito graves. 

Mel teve uma vida longa, feliz e repleta de amor.

PARALISIA – tire suas dúvidas!

CAUSAS

A paralisia pode ser causada por doença do disco intervertebral, tumores na coluna ou próximo dela, pressionando os nervos, ou embolia fibrocartilaginosa, causado por trauma.

Infecções bacterianas ou doenças mediadas pelo sistema imunológico que causam inflamação do cérebro e da coluna vertebral e até mesmo problemas congênitos com os quais os cães nascem também podem causar paralisia.

Um exemplo é mielopatia degenerativa, doença genética que ataca os nervos da coluna vertebral de cães mais velhos e é um distúrbio progressivo de ação lenta que acaba levando à paralisia das patas traseiras.

Atenção! Certas espécies de carrapatos podem injetar uma neurotoxina na corrente sanguínea que pode causar uma paralisia súbita dos neurônios que, em alguns casos, pode resultar em paralisia repentina. 

E existem várias infecções que podem levar à paralisia se se espalharem para o cérebro. Isso inclui meningite, cinomose e raiva.

SINAIS DE ALERTA

Sintomas de paralisia em cães podem variar de sinais óbvios a pistas mais sutis, dependendo da localização do trauma. Se seu cão ficar paralisado ou você notar algum dos sinais abaixo, tente mantê-lo quieto e limitar seus movimentos para evitar danos à medula espinhal e consulte o seu veterinário o mais rápido possível.

1  Suas unhas arranham o chão quando ele anda – você poderá ouvir.

A parte traseira do cão começa a balançar ou cair de um lado para o outro. É mais difícil para o animal andar devagar do que andar rápido. Isso ocorre porque os músculos não são fortes o suficiente ou não têm entrada neurológica suficiente para contraí-los corretamente.

Ele está sem controle de urina. A bexiga e os intestinos precisam de estímulos nervosos para contrair e reter a urina na bexiga e as fezes no cólon.

4  O cão arrasta as pernas e não consegue ficar em pé. Às vezes, um lado é mais afetado do que o outro, embora todas as pernas possam ser envolvidas se a lesão ou o disco estiver na região cervical (pescoço). Se apenas as patas traseiras forem afetadas, o problema está nas costas do cão.

CADEIRA DE RODAS

Você ficaria surpreso com o quão bem um cão pode manobrar ao usar uma cadeira de rodas adequadamente projetada e ajustada para ele. Essa é uma decisão muito importante, a de proporcionar a ele essa mobilidade. Ser capaz de se manter independente, cheirar o ar e visitar lugares familiares e desconhecidos o manterá feliz e engajado na vida. Ele rapidamente se adapta e volta às suas atividades favoritas normais.

Certifique-se de trabalhar com uma empresa que possa projetar um produto de alta qualidade para atender às suas necessidades específicas.

CUIDADOS ESPECIAIS

A limpeza é talvez uma das partes mais importantes do cuidado de cães paralisados, porque muitos cães com paralisia ou paresia não conseguem controlar totalmente a micção e a defecação.

A urina que permanece na pele pode causar erupções e até mesmo levar a uma infecção da pele. As fezes podem causar irritação e feridas ao redor do ânus e até atrair insetos.

A reabilitação e a fisioterapia são essenciais para cães com paralisia e aqueles que passaram por cirurgia de coluna, para manter músculos flexíveis e articulações saudáveis em membros paralisados. Massagem, acupuntura, terapia a laser, hidroterapia e amplitude de movimento passiva são todos componentes da reabilitação e recuperação, bem como da manutenção de cães com paralisia permanente.

É importante manter o cão com um peso ideal. Muito peso extra pode tornar mais difícil para o cão paralisado mover as partes que ainda funcionam. E estar abaixo do peso pode deixá-lo mais fraco do que o normal.

Por fim, uma dica de projeto voltado a esses casos: @caodeirante https://www.instagram.com/ocaodeirante/ 

FONTES: https://animalwellnessmagazine.com/caring-for-a-paraplegic-canine/  e https://www.thesprucepets.com/

Loraine Luz @luzloraine

Jornalista formada pela UFRGS desde 1998, com experiência de mais de 10 anos em redação de jornal e freelancer desde 2007. Dedica-se mais intensamente à causa animal desde 2014, escrevendo sobre ou resgatando cães, castrando e encaminhando para a adoção.

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