Recebemos diversos relatos de tutores que se afligem pelos seus pets quando o assunto é castração e anestesia. Quem não fica com o coração apertado ao saber que o bichinho estará em uma mesa cirúrgica?
Porém, a castração é extremamente importante para a saúde do animal e não deve ser deixada de lado pelos tutores. Ela previne diversas doenças graves, como tumores, e melhora o comportamento, tanto nos machos como nas fêmeas.
Nossa ONG sempre alerta para o risco que os totós não castrados correm. Se tiver dúvidas, leia o texto “Não faça o que eu fiz”. Lá tem uma lista completa de motivos com relatos reais para você castrar o seu totó.
https://totosdatete.org.br/aprendizado/nao-faca-o-que-eu-fiz/
Um dos maiores temores das mães e pais de pets, é a anestesia. Ela possui risco como qualquer outro medicamento, mas é necessária na hora do procedimento para a segurança do animal.
Conversamos com a médica veterinária, Marcella Eboli Vilhena, sobre o passo a passo do pré e pós-operatório e os tipos de anestesias.
Totós da Teté – Quais os cuidados necessários no pré-operatório da castração?
Veterinária – O veterinário deve conhecer o histórico do animal. Se ele tem alguma outra doença, se faz o uso contínuo de algum medicamento, a frequência com que ele toma e um check-up com exames de sangue e eletro, pois não operamos sem ter um check-up cardíaco.
Veja alguns dos exames:
- Hemograma;
- Função Renal;
- Função Hepática;
- Glicemia;
- Eletrocardiograma.
Totós da Teté – E quais são os cuidados necessários no pós-operatório? Como o tutor pode cuidar corretamente do pet em casa?
Veterinária – É necessário fazer jejum. Normalmente pedimos um jejum alimentar entre 8 a 12 horas e hídrico (água) de 6 horas.
O tutor fica com pena de deixar seu bichinho em jejum, mas é importante frisar que se ele der a ração e a água, pode por em risco a vida do animal.
Na anestesia, o cachorro pode regurgitar e aspirar isso em seguida. Quando ele aspira, vai tudo para o pulmão. Por isso é muito importante respeitar as recomendações de jejum.
Totós da Teté – No caso da castração, sempre é utilizada a anestesia injetável ou também a inalatória? Qual a opção mais segura e duradoura?
Veterinária – Existem dois tipos de anestesia: a injetável, que normalmente não indicamos pois ela é para procedimentos com curta duração, como uma biópsia, e a inalatória – indicamos essa.
Ela é considerada a mais segura por termos o controle total do procedimento. O médico veterinário consegue acompanhar a profundidade da anestesia e a quantidade de anestésico que está sendo inalado diretamente pela sonda.
Caso tenha alguma intercorrência, conseguimos fazer uma ventilação mecânica no paciente com oxigênio, além do retorno anestésico ser mais rápido.
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Totós da Teté – Quando o pet já estiver em casa, quais os cuidados que o tutor deve seguir para evitar problemas com a ferida?
Veterinária – É muito importante que o tutor evite que o pet fique subindo e descendo do sofá, da caminha, de escadas, porque isso pode mexer na ferida cirúrgica e abri-la. Também é importante que ele mantenha a ferida cirúrgica sempre limpa.
Cada veterinário segue um protocolo. Tem uns que solicitam que o tutor faça a limpeza uma vez ao dia, outros recomendam duas vezes. Essa instrução varia muito de veterinário, do animal e do ambiente em que ele vive.
Algumas observações que fazemos no caso das fêmeas, é utilizar a roupinha cirúrgica para não ter acesso a esses pontos de incisão, porque algumas podem comer os pontos e abrir de novo. Nos machos orientamos colocar o colar elizabetano, aquele capacete grande, para evitar que ele tenha acesso.
É importante que o veterinário converse com o tutor para saber se ele tem condições de fazer o curativo. Se ele não conseguir fazer o procedimento em casa, deverá combinar com o tutor que leve o pet até a clínica para analisar a ferida.
Lembrando que a decisão da escolha entre a roupinha cirúrgica e o colar elizabetano é do tutor. Veja se o animal é mais agitado ou calmo. Alguns não se adaptam nas opções, sentem incomodo. O mais importante é que qualquer um dos modelos optados seja usado, para que o pet não tenha acesso aos pontos, não coce ou lamba. O modelo irá proteger a região operada.
Totós da Teté – Como médica veterinária, o que diria para os tutores não temerem a anestesia e nem os outros procedimentos?
Veterinária – A segurança desse procedimento depende muito dos cuidados de como tudo é feito. Realizar o check-up, fazer todos os exames, respeitar o jejum e principalmente confiar no veterinário.
Busque um profissional que seja capacitado, tanto para fazer o procedimento anestésico quanto o cirúrgico.
Procure uma clínica veterinária que tenha um centro cirúrgico equipado, com infraestrutura e que obviamente seja manejado por veterinários com capacitação.
Quando você tem todos esses cuidados, minimiza os riscos anestésicos e quaisquer intercorrências, seja ela a castração ou outra cirurgia.
Quando chegar em casa
Provavelmente seu pet estará amuadinho por causa da anestesia, não estranhe. É normal ele querer ficar deitado ou sem apetite no primeiro momento.
Deixe uma caminha quentinha e um comedouro com água e ração próximo dele. Pergunte ao médico se precisará de um analgésico no caso do animal sentir dor na região quando passar o efeito da anestesia.
Não se esqueça de limpar corretamente o local. O mais importante é que ele receba muito carinho e cuidado. Castrar é um ato de amor!